E aí, Matilde? Como está? Penso que já está habituada Não sente mais minha falta? Não sente? Eu também não sinto nada Estou te escrevendo apenas Por acaso Ia passando Vi sua foto Me deu banzo Sabe, dessas crises De saudade e nostalgia Já não tinha isso Há muitos dias Escrever pra você Foi uma prova Você pensa que foi fácil Foi fácil uma ova Eu fiquei lá durante dias Mergulhado num dilema Escrevo, não escrevo Escrevo, não escrevo Escrevo! Até que valeu A carta ficou boa Dá pra você ver Que eu sou outra pessoa! Também eu estava muito alucinado Né, Matilde? Eu via o seu vulto Toda noite Hoje quando vejo Já nem ligo Eu converso com seu vulto Hoje somos bons amigos Você não sabe Eu estou mais calmo E totalmente envolvido Com o trabalho Já tenho outra menina Não é linda Mas já dá pra quebrar o galho Inda não temos problemas de casal Tudo que eu faço Ela ainda acha legal É que no começo É assim mesmo Né, Matilde? Só depois que vira Um temporal Enfim, Matilde A minha transa é esta Você acha que dá certo? Ou você acha meio besta Pode falar Você só vai estar me ajudando Eu nem estou muito empolgado Aliás já é tempo De você me contar tudo Do seu lado O que você faz Na hora de dormir Você pensa em alguém Por exemplo, pensa em mim Pode me dizer com sua franqueza De costume Não tenho mais Nenhum ciúme E se você já tem outro carinha Quero que jogue no fogo Essas mal traçadas linhas